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Publicado na Segunda, 15 de setembro de 2014, 9h14
Principais imobiliárias do Brasil possuem R$ 30 bilhões em imóveis encalhados

SÃO PAULO - A desaceleração das vendas no mercado imobiliário estão inflando os estoques das construtoras, mostrou o Estado de S. Paulo. De acordo com um levantamento do banco JP Morgan, as 8 principais companhias imobiliárias brasileiras viram os imóveis em estoques crescerem em 16%, de R$ 25,1 bilhões em junho de 2013 para R$ 29 bilhões em junho de 2014. 

Cyrela, PDG, Gafisa, MRV, Rossi, Direcional, EzTec e Even - todas com o capital aberto na Bovespa - não veem seus negócios serem realizados com a velocidade esperada, fruto de um mercado imobiliário cada vez mais fraco, após uma década de euforia. Com inflação alta, crescimento baixo e inadimplência em alta, dificilmente isso mudara no futuro próximo.

Isso tem feito com que as construtoras tem buscado realizar grandes saltões com elevados descontos, dos quais o mais significativo é o da PDG, que vendeu 1.500 imóveis por cerca de R$ 400 milhões - dando descontos de até R$ 500 mil -, embora mais de 5.000 estivessem à venda. Outro fator que tem prejudicado as imobiliárias é o distrato - o retorno dos imóveis na planta já vendidos para as construtoras -, que está cada vez maior. 

A situação econômica não positiva também fez com que algumas das imobiliárias realizassem uma espécie de "limpeza" em suas carteiras de crédito. Isto é, antes dos imóveis serem entregues, algumas das imobiliárias tem forçado a rescisão de clientes que estão incapazes de assumir o financiamento do imóvel, procurando um novo cliente - mesmo que este pague menos.

O aumento dos estoques tem segurado as imobiliárias de novos lançamentos, também pela expectativa de crescimento do distrato. No momento, de acordo com o JP Morgan, 13,7% do total dos estoques são apartamentos já prontos, enquanto 35,7% serão finalizados no próximo ano. Os apartamentos prontos para morar possuem gastos "inúteis" para as imobiliárias, como manutenção e condomínio - e, por isso, existe uma pressa maior para vendê-los. 

No momento, a austeridade tem sido a palavra chave nas maiores imobiliárias brasileiras, que, em sua maioria, estão passando ou passaram por grandes ajustes nos últimos anos. Se haverá uma readequação ou não da oferta e demanda no mercado imobiliário nos próximos meses ou uma bolha imobiliária surgirá, só o tempo poderá dizer com certeza.