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Publicado na Terça, 15 de abril de 2014, 12h45
Bolha imobiliária está se espalhando e vai estourar após a Copa, diz Sr. Dinheiro

SÃO PAULO – Pensando em investir em imóveis? Luis Carlos Ewald, economista conhecido como Sr. Dinheiro, acha melhor não. Depois de afirmar em dezembro de 2013 que a bolha imobiliária ia estourar no primeiro semestre deste ano, ele alertou os investidores (e também aqueles que querem comprar o primeiro imóvel) que a bolha está em formação e seu ápice irá ocorrer depois da Copa do Mundo, em julho. “A bolha imobiliária é como um câncer. Ela vai aumentando e corroendo aos poucos. Até que vem a metástase, que espalha e mata”, disse, em entrevista ao InfoMoney.

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De acordo com o especialista, na crise de 2008 do subprime, nos Estados Unidos, também foi assim. “Aquela bolha começou em 2006, foi crescendo, crescendo e a metástase aconteceu em 2008. A nossa [bolha] já vem se formando há muito tempo e agora está chegando a hora  [de estourar]”, explicou.

Segundo ele, após a Copa, o cenário irá mudar e deve haver uma queda brutal nos preços dos imóveis que foram lançados. Enquanto isso, aquelas pessoas que já compraram vão ficar esperando e quem precisar de dinheiro vai ter que baixar o preço “Isso é uma bolha”, disse. “Com a Selic a 11% ao ano, se o imóvel ficar com preço parado, o dono vai perder este percentual anualmente, vivendo de IPTU e condomínio. Sem falar que a taxa de juros ainda vai subir mais”, completou.

O ciclo de aperto monetário, que prejudicou o setor imobiliário, começou no ano passado e, em um ano, levou a Selic de 7,25% ao ano, menor taxa histórica, para os atuais 11%. 

“Os mais espertos vão se dar bem”
Luis Carlos disse ainda que quem souber aproveitar esta oportunidade pode se dar bem. Segundo ele, algumas construtoras, como a Even (EVEN3), já estão lançando imóveis com preços muito mais baixos, já prevendo o que vai ocorrer. “Os mais espertos vão se dar bem”, disse. “A Even, por exemplo, colocou 40% de desconto em todos os seus lançamentos. Tem que saber aproveitar”, completou.

Ewald lembrou também que um dos principais estudiosos do mundo sobre preços de ativos e bolhas, Robert Shiller, Nobel de Economia, já alertou sobre isso. “Ele previu bolhas da Nasdaq e a do subprime. Vocês vão ouvir quem? Tem que dar ouvidos aos mais experientes. E Shiller disse que não nada justifica a magnitude da recente alta dos preços dos imóveis no Brasil”, finalizou.

Brasileiro aposta em valorização
Por outro lado, a Pesquisa Global de Opinião dos Investidores 2014, da Franklin Templeton, mostrou que 23% dos investidores brasileiros acham que os imóveis serão a melhor aplicação dos próximos 10 anos, o que prova que, de modo geral as pessoas não estão esperando uma bolha imobiliária.

Ainda na pesquisa, em relação às expectativas para 2014, os brasileiros também apostam no investimento em imóveis. Segundo o levantamento, 26% acham que esta classe de ativos trará melhores retornos do que as outras neste ano.

A pesquisa ouviu, no Brasil, 509 investidores com mais de R$ 50 mil em recursos disponíveis para realizar aplicações financeiras, e foi realizada entre os dias 2 e 15 de janeiro.

Opniões contrárias
Apesar de o Sr. Dinheiro, assim como outros economistas renomados, como Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central), Luciano Rostagno (estrategista-chefe do Banco Mizuho) e Nouriel Roubini (economista que previu bolha) acreditarem que a bolha está crescendo e vai estourar, outros grandes nomes discordam veementemente.

Para Gustavo Borges, da área de análise da XP Investimentos, há diferenças significativas entre o Brasil e o cenário pré-bolha de alguns países como Estados Unidos, Portugal, Espanha e Irlanda. "O cenário brasileiro é bem diferente dos países que tiveram o estouro da bolha", destacou.

Enquanto isso, Felipe Miranda, analista da Empiricus Research, acredita que existe uma grande desaceleração no mercado imobiliário, mas também acha que isso não garante um cenário de bolha.

Assim como Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, que vê o mercado desanimado em alguns setores, mas aquecido em outros. "Como regra geral, acredito que o segmento dos imóveis econômicos continuará aquecido, inclusive pela existência de uma demanda reprimida por novas moradias", finalizou.